quinta-feira, maio 10, 2007
Stop and Hear the Music

vejam até ao fim. Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal "Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.

Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.

A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós.



"Foi estranho ser ignorado"

Bell, que é uma espécie de 'sex symbol' da clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total.

Esse facto, aparentemente, não impressionou os utentes do metro. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou.

O sucedido motiva o debate foi este um caso de "pérolas a porcos"? É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? Mark Leitahuse, director da Galeria Nacional de Arte, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará".

Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor disse ao "Washington Post" que isto não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante".

 
Escrito por tim, às 8:22 da manhã | Permalink |


12 Comentários:


  • At 10:43 da manhã, Blogger Unknown

    Li esta notícia no JN,há relativamente pouco tempo...tive curiosidade em ouvir a prestação,na íntegra,no Washington Post...
    De facto,erigiu algumas questões,como o genuíno conceito de arte,a subjectividade da mesma...ou o facto de,por vezes,ser apenas percepcionada como tal,quando a informação é explicitamente espetada num cartaz ou numa placa...

    Danurya

     
  • At 10:38 da manhã, Blogger MIMI

    pois é carrissimo já não é de esranhar tal facto. um dado cocreto e que muita genta só vai a grandes espectáculos para passear a roupa nova e para ser vista. mais uma vez se provou isto com esta inédita iniciativa.
    aposto que se por momentos alguém entendido na coisa reparasse no evento, ele se tornaria num verdaeiro aglomerado de gente, unsmais interessados na verdadeira arte outros no próprio instrumento e outros ainda porque o papel de entendido cai sempre bem.

    pois é o mundo que temos.

    aproveito para deixar aqui registado que o palco da tour dos xutos este ano este uma grande obra de arte.
    té logo em algés
    kisss


    VALE BEM A PENA


    FICA BEM GRANDE SENHOR

     
  • At 6:11 da tarde, Blogger Green Tea

    não sabia, fiquei a saber, preferia não ter ficado surpreendida. as pessoas passam, olham, mas não vêem, ouvem, mas não escutam ... e só me lembro da chuva dissolvente ... é a indiferença, não nos deixamos tocar pelo mais sublime que enche o nosso dia a dia.

    Abraço, obrigada, mais do que pela musica, se possivel for, pelo abrir de olhos.

    P.S. Em algés foi ... matar a saudade!!!

     
  • At 6:21 da tarde, Anonymous Anónimo

    "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará".
    MENTIRA!!! no Porto chovia a potes, tava um vendaval fabuloso, não se ouvia nadinha...mas a ARTE estava lá! parabéns a vocês todos e a nós também por termos feito daquela noite de 12 de Maio uma data memoravel para aqueles que gostam de Xutos e Pontapés.

    a chuva caía, mas não nos disolveu.

     
  • At 10:50 da tarde, Blogger Miguel Silva

    muito fixe o post

    realmente é pena que no meio do stress do metro ninguém tenha ligado à musica


    mas nas grandes cidades é assim

    eu por enquanto tou numa cidade calminha e tal =)=)

    mas se mudasse para Lisboa ou Porto acho que iria sofrer um bom bocado para me ambientar

    abraços tim

    boa tournée

    Miguel Silva

     
  • At 11:35 da tarde, Blogger Hugo D

    Concordo plenamente com a definição do Rui :)

    " a chuva cai mas não nos dissolveu " in memories ;)

     
  • At 12:13 da tarde, Blogger Titá

    Estranho não ter sido reconhecido!!!!


    Mas que foi uma ideia fantástica, foi!

     
  • At 4:25 da tarde, Blogger Vanda Maio

    As pessoas na sua eterna corria esquecem-se de parar e apreciar a beleza que as rodeia.

     
  • At 12:44 da manhã, Blogger Countess Vampire

    já tinha ouvido esta história.... apenas uma pessoa reconheceu Bell....

    para alguem que, como eu, dou tanta importância à musica, custa muito ler estas noticias....

    como diz o anuncio, que tenho como lema de vida, deixo-me levar pela música quando já não tenho forças... era bem que toda a gente se deixasse levar :)

    beijos



    Já agora, muitos parabés pelos concertos de Algés e do Porto...

     
  • At 11:51 da manhã, Blogger Vera Sousa Silva

    Olá Tim!
    Já tinha lido esta notícia e fiquei surpreendida... Mas quem sou eu?!
    Achei esta frase fabulosa:
    "...todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós."
    Um grande verdade! Infelizmente a poesia, assim como outras artes em geral, são menosprezadas.

    Beijo grande e muito sucesso

     
  • At 3:40 da tarde, Blogger Tiago Costa

    Não me surpreende nada, sinceramente.
    No dia a dia, as pessoas não estão preocupadas em ouvir músicos que estão na rua. Estão preocupados é ir para os seus empregos... lá está, a sociedade do Stress.

    Claro que nos concertos, as pessoas sabem para onde vão e querem ir para apreciar arte, como um fim em si mesmo.

    Quando a um tema que lhe gostaria de falar. Fui ao Xutos na Queima do Porto e NUNCA MAIS!!
    Xutos, só se for em particular: o pessoal deve ser tolo
    A fazer Mosh e aos encontrões. Não. Isso não é para mim.
    Aliás, como é que alguém consegue apreciar Rock ou o que é que seja, se está a tentar não levantar com encontrões??

    Tim, eu vou vê-lo a solo, sempre que puder... Agora com os Xutos?? Ninguém me ve lá.

     
  • At 5:14 da manhã, Blogger Hugo D

    Viva Tiago

    Concordo a 100% que vás ver os concertos de "um e o outro" mas não vejas o concertos dos xutos assim, como os do TIM a solo os concertos dos XUTOS têm também o seu encanto, para a proxima muda de local e curte :)

    Desculpa o comentario... não têm caracter ofensivo.

    Abraço

    PS: Devemo-nos por Aveiro :)