Queria só lembrar o quanto me ajuda o vosso empenho em defender e apoiar as coisas que gostam, neste caso AS CANÇÕES que faço e canto. Como quem dá aos filhos aos pais oferece, venho aqui agradecer.
Por falar em ajuda, eu sinto-me em casa em qualquer palco, e o mais que tento fazer com o "um e o outro a vivo" é trazer o público para dentro da minha esfera, neste caso musical, estética e pessoal, para nos conhecermos melhor e passarmos muito bem o tempo que temos juntos. Mas mesmo assim, na terça, agradeci por dentro todo os encorajamentos, porque se o palco é a casa, a plateia é a rua, e o balcão do rivoli ás tantas parecia uma noite escura... Mas como estávamos todos bem, cúmplices daquele momento, acabei por esquecer.
Mas falemos de canções outra vez: pediram-me para musicar o poema "desencontro", de Bernardo Santareno, para apresentar na gala dos prémios de teatro homónima. Fica o poema por agora, e vejam lá se não me cai bem!
DESENCONTRO (Bernardo Santareno)
Jograis e trovadores,
vagabundos de todos os tempos,
são os meus parentes.
Não me peçam construções,
nem actos úteis de momento :
Eu sou um adolescente
e nunca serei adulto.
Não me peçam sobriedade,
nem gestos medidos, cinzentos :
Eu sou um arlequim
e visto-me de encarnado,
como as aves no firmamento
e como as flores na terra !
Não me exijam palavra certa,
nem honra... P’ra quê ilusões ?
Nem santo, nem herói, nem mestre :
Eu sou um poeta
e só posso dar canções ! Próxima entrega de canções: cine-teatro de Tomar, sexta 24, 22h!