estas belas tulipas são o anúncio da primavera. Mais queridos são os botões das árvores, primeiro os florais depois os foliares. Pequenas flores abrem as pétalas junto á casca dos ramos, nua ainda e invernosa. Começam as amoreiras, com os seus pequenos cachos, as amendoeiras de flor branca, e os pessegueiros de flor rosada. Quando já começam a ter um tonzito de verde, arrancam quase todas as outras, ameixeiras, damasqueiros, e as abelhas acordam do sono de inverno e começam também elas zumbir. Até as laranjeiras preparem os seus botões, na ponta dos raminhos novos, para encherem o ar com o seu perfume de casamento daqui até maio. Por estas pequenas flores e coisas parecidas é que eu moro no campo. Não é o stress, não são as pessoas, é a falta destes pequenos apontamentos que fazem correr o ano, que são o meu relógio natural, que me afasta do centro, onde só as olaias das avenidas se cobrem de cor-de-rosa, num aviso solitário sobre a mudança da hora...
É isso mesmo! Só quem vive no campo pode entender... O meu jardim também já está mais colorido. Até os cactos, que passaram o inverno tristonhos virados para o solo, se ergueram em direcção ao sol.
E a felicidade de acordar com um pássaro a cantar na janela do nosso quarto virado para o rio que corre lá no fundo da encosta... O pôr-do-sol a que tenho o previlégio de assistir sentada na minha varanda, enquanto o sol se esconde devagar atrás do montes.
E esse calendário da natureza de que tu falas é mágico demais para conseguir expor por palavras (embora tu o tenhas feito muito bem).
Quando me perguntam se não me canso de ver sempre a mesma paisagem, eu respondo que a paisagem muda todos os dias ao ritmo da natureza. É um quadro vivo que uma mão invisível vai pintando 365 dias por ano para nosso deleite...
Já agora, parabéns pelo 1º aniversário deste blog.