Bom, se dez anos é muito tempo, então 30 deve ser algum...
Quase tudo o que tenho devo-o aos Xutos, o que quer dizer que vos devo a vocês.
Quando comecei a tocar ser músico profissional não era opção. Era assim como que uma loucura, um sacrifício, um prebistério, a danação, a pobreza crónica, a noite...
Os Xutos provaram o contrário.
Eu, António dos Santos, aka tim, posso ter hoje uma carreira a solo porque os Xutos abriram o caminho e inventaram maneiras de ser e de fazer espectáculo que não haviam antes.
Estou orgulhoso de haver pessoas mais novas e mais velhas que apostam na sua criatividade como forma de vida. O sonho comanda a vida, arte faz parte dela e isto são verdades fundamentais. Parte disto deve-se aos Xutos.
A vida em si pode não ter sentido, ou ter o sentido escondido nas intricadas tecelagens dos tapetes persas, ou seja, nenhum! Para o grande poeta árabe de Beja do sec. VIII (Al Muthamid(?)), a vida era para ser apreciada, a melhor forma de o fazer era amar e o amar era expesso pela arte.
Onde já vai a conversa! Só possível porque há 30 anos nós sonhámos com os Xutos.
Mas tudo se paga e nós também cá estamos para o demonstrar. Entre a saúde e o desgaste, muitas vezes nós tivemos facturas atrasadas, contas mal saldadas e pessoas magoadas.
Custa-me esta parte porque sei que nunca ninguém agiu por maldade, vingança ou ruindade.
Mas omitir é mentir, esquecer é magoar, o percurso vai já longo e as merdas acontecem.
Bom, continuamos juntos e ao vivo!
Viva os Xutos, Viva nós!!!!