A Praça das Descobertas, ou dos Jerónimos, ou do CCB, pode ser muito solitária, às nove de uma noite chuvosa de Dezembro. Procurava uma entrada para o dito restaurante, e não havia nada, só vento, frio e chuva. Por fim lá apareceu outro perdido, fadista e companheiro Camané, de golas levantadas e cabelo molhado, e juntos lá demos com a entrada.
Assim que entrámos, percebemos que o ambiente era selecto, e os convivas pouco numerosos, em pequenos grupos beberricando o kirsh royal, o vinho branco ou o sumo de laranja. Logo perto da entrada, a Mariza estava num grupo com o JP, o Caínha, e mais uma ou outra pessoa, e então..
-Tim, meu grande amigo, desculpa!! e dizendo isto finge que se ajoelha, e lá fui eu a correr, feito tomate, por amor de Deus, deixa lá isso... e ela - Porque a musica é muito boa, e eu até sei cantar, e pimba: vou andando, cantando, tenho o sol à minha frente... Aí fiquei como se tivesse engolido o lenço, com malaguetas lá dentro, e a febre a subir, e os ilustres convidados sem perceber
nada da razão da cantoria....
Salvou-me o JP (marido) e o Mário Laginha, a quem contei os episódios até aqui. Entretato, sir Bob Geldorff (que raio, de vez em quando aparece-me ao caminho) chegava, mais o secretário de estado, o pessoal da OIKOS, e a palestra começava...
Afinal, tu não sabes só escrever canções... Este post é delicioso, não apenas pelo conteúdo, mas também pelo estilo narrativo. Até usas o discurso indirecto livre com humor à mistura! Influências do fantástico Eça?...